Joaninha era uma linda menina de oito anos de idade, que
vivia com os seus pais numa zona privilegiada de Lisboa.
Ela estava muito crescidínha para a sua idade. Era elegante,
tinha o cabelo loirinho e uns olhos lindos, esverdeados; Tinha um corpo
atlético graças aos vários desportos que
fazia tais como: Skate, patins em linha, natação e ginástica rítmica.
Adorava ir à escola, era uma estudante muito aplicada e tinha
sempre boas notas, sobretudo nas disciplinas mais difíceis, como matemática ou
física.
Seu pai era controlador aéreo no aeroporto de Lisboa e sua
mãe era formadora numa firma de telecomunicações.
Joaninha vivia intensamente o período do Natal, adorava as
festa que se realizavam na sua escola e em casa tomava parte activa na
ornamentação da árvore de Natal e do presépio.
Gostava de todas as figuras do presépio, mas gostava particularmente do
menino Jesus, que dizia ser lindo e de uma
ovelhinha branquinha a quem chamava ternamente a ovelhinha mé-mé.
O Natal aproximava-se e os pais, numa noite ao serão,
lembraram-na de que era altura de ela escrever ao pai Natal a pedir os
brinquedos que queria e meter a carta na chaminé.
A Joaninha nesse ano não mostrava grande entusiasmo em
escrever ao pai Natal, vá-se lá saber porquê ?. .
Os dias iam-se sucedendo e na chaminé não aparecia carta
nenhuma da Joaninha para o pai Natal.
E, novamente num serão, depois do seu jantar preferido, salsichas com batatinhas fritas e
ketchup, sua mãe lembrou-a que era altura de escrever ao pai Natal o quanto
antes, dado que ele cada vez recebia mais cartas dos meninos de todo o mundo e
podia não ter tempo para satisfazer o seu pedido.
--” Sabes … mamã … , eu estou meia zangada com o pai Natal
porque no ano passado ele não me trouxe os presentes que eu lhe pedi.”
– “ Pois … possivelmente o pai Natal não recebeu a tua carta,
ou ela se perdeu; sabes, agora, por altura do Natal há muitas cartas dirigidas
a ele e … podia ter-se extraviado.”
Nessa mesma noite, depois da Joaninha ir para a caminha fazer
... óó ..., o pai disse para a mãe:
--” Vou escrever uma carta à Joaninha, como se fosse o pai
Natal; vou pedir-lhe desculpa por não
ter satisfeito o seu pedido, digo-lhe que não recebi a sua carta , mas que
neste Natal a encomenda vai ser entregue sem falta; não vai haver falhas.”
E, deixou a carta na
chaminé, para que a Joaninha na manhã seguinte a visse e a lê-se.
No dia seguinte, a mãe, como que a representar uma cena de
teatro, guiou a Joaninha até às imediações da lareira e disse-lhe:
– “ Olha, ... que giro!..
– “Joaninha … já vistes o que
está em cima da chaminé ?...
– “ Uma carta !….
– “ Vamos ver de quem ela é: “
Naturalmente a carta só podia ser do pai Natal:
Abriram-na e dizia o
seguinte:
--” Querida Joaninha, sou o pai Natal e queria pedir-te
desculpa por não ter satisfeito o teu pedido do Natal anterior, mas não recebi
a tua carta, possivelmente perdeu-se.”
__” Sabes … nestas alturas são muitas as cartas que eu recebo, e há sempre algumas
que se perdem, mas ainda estás a tempo de escreveres a carta para este Natal,
escreve, pede os brinquedos que quiseres e serás atendida. “
Joaninha reparou que a caligrafia do pai Natal era igualzinha
à caligrafia do pai e disse:
– “ Curioso mamã … o pai Natal tem uma caligrafia igual à do
papá. “
– “ Será o papá o verdadeiro pai Natal ?.. “
--” Mamã … ainda te recordas que no Natal do ano passado eu
disse-te que em vez de colocar a carta na chaminé ia colocá-la na caixa dos
Correio ? “
– “ Sim, … lembro-me muito bem, até te dei o dinheiro para o
selo. “
– “ Pois, … pois... eram … eram ...vinte cêntimos ... mamã.”
– “ Sabes mamã, … eu … eu … eu ...não meti a carta no
correio. “
– “ Aaahhh !.. “
– “ Sabes mamã, eu tinha no meu porquinho sessenta cêntimos,
com mais os vinte que poupei do selo somava oitenta, exactamente o preço que
custa um chocolate com leite, quentinho, servido em copo de vidro pela D.
Catarina, a senhora da cantina da escola. É delicioso; é melhor que todos os
brinquedos do mundo.... Adoooro-oo!..
Hei-de poupar o triplo dos oitenta cêntimos e convidar-te a
ti e ao papá a irem lá tomar um, e o copo quentinho em tempo frio de inverno
aquece também as mãos.
– “ Não precisas de poupar o triplo, Joaninha, quando
quiseres combinamos com o papá e vamos os três beber esse tão famoso chocolate
com leite, servido na tua cantina escolar pela D. Catarina.”
– “ Nesse momento os três corações uniram-se num abraço longo, sentido e terno
que nunca mais irão esquecer. “
O Natal tem mistérios insondáveis e outros das criancinhas, que por serem simples
e inofensivos dão mais cor às coloridas e brilhantes luzes de Natal.
Mário
Miranda
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