OS MEUS MAGOS
O tempo voa e nós voamos com o tempo.
Mais uma vez se comemora o nascimento do menino Jesus, o
Salvador.
Durante o ano andamos tão atarefados, tão ocupados, tão
preenchidos e preocupados que nem nos apercebemos que o Natal está a bater-nos
à porta e a pedir para entrar.
Só quando começamos a ver as montras das casas comerciais a
serem ornamentadas com coisas alusivas à quadra festiva é que constatamos que,
sim senhor, o tempo é de Natal.
É altura dos corações emanarem muito amor, as pessoas serem
mais solidárias e as famílias se reunirem à volta da mesa farta e doce.
Mas, o Natal é sobretudo a festa das crianças.
Elas adoram e deliciam-se com o Natal.
E com razão, porque comemoramos o nascimento do menino e isso
tem a ver com elas porque também são ainda meninos ou meninas.
Há muitos anos três reis magos, partiram com os seus camelos
e guiados por uma estrela brilhante que indicava o local onde o menino nasceu,
conseguiram lá chegar e testemunhar um acontecimento único e que hoje é comemorado em todo o
Mundo.
Na bagagem levavam ofertas, ouro incenso e mirra e talvez
leite, mel e frutos da época.
Há dias também fui visitado por três pessoas e como é tempo
de Natal, vou compará-los aos nossos reis magos.
O primeiro não se chama Gaspar, chama-se Paulo, que também é
nome bíblico e é o limpa chaminés cá da zona. Tem cinquenta e dois anos, há
dias teve um abc, ficou sem ver de uma vista e a outra também ficou afectada.
O segundo não é o Melchior, é o João, que também é nome
bíblico, tem cinquenta anos, foi operado à garganta, mal se percebe o que
pretende comunicar quando fala, mas tem força e vontade de trabalhar.
O terceiro não é o Baltazar, é o António que também é nome
bíblico, é um velhote daqueles à antiga, alto, magro, simpático, cheio de
disponibilidade para trabalhar, mas limitado porque a força já lhe vai
faltando.
Este trio está activo, são impecáveis no trabalho que fazem e
funcionam mais ou menos assim:
O Paulo como não vê muito bem mas tem bom ouvido, atende os
telefonemas e anota as moradas.
O João como tem força e carta de condução é o condutor,
carrega os aspiradores, a manta, a caixa dos acessórios com os escovilhões, os
panos e outros apetrechos da arte de limpa chaminés.
O António apesar da idade ou talvez por isso é o que limpa a
chaminé e lá vai nos seus movimentos típicos, compassados e certeiros, fazendo
cair as cinzas da chaminé enquanto o
João vai segurando as mangueiras dos dois aspiradores para que o pó seja
aspirado ainda dentro da lareira e não faça muito dano porque as senhoras
querem a chaminé limpa mas não querem a casa suja!..
Este é o trio dos meus magos que embora marcados por uma
maleita executam na perfeição o seu trabalho.
Nestas alturas de festas religiosas ficamos mais alertas,
sensíveis e disponíveis para meditar e analisar o que nos rodeia e a razão de
certas coisas nos acontecerem.
E uma coisa que dá para ver é
que nada é dado como adquirido.
Nascemos com saúde e mantemos-la durante algum tempo, mas
tempo virá que interrompe esse bem que é
ter saúde e ficamos doentes.
Por vezes somos nós próprios que não cuidamos dela e fazemos
asneirolas como por exemplo fumar, beber em demasia, noitadas sem dormir e
outras ainda piores e mais graves.
Por vezes são provocadas por agiotas escondidos por detrás de
alterações climáticas que tem rosto mas ninguém desmascara, ninguém denuncia.
Mas o tempo é de Natal abram pois os vossos corações e
recebam-no como ele merece.
Que neste Natal a Luz do menino ilumine os vossos e nossos
caminhos, jamais se sintam sós, doentes ou perdidos nesta maravilhosa caminhada
a que chamamos vida.
Assim seja.
Mário
Miranda
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